sexta-feira, 29 de julho de 2011

A História do Distrito de Corta-Mão!


        Não se sabe ao certo como e quando surgiu a comunidade, mas, segundo alguns cidadãos do Distrito a História da comunidade é relacionado com a história do Rio local. Conta-se que dois rapazes tinham ido pescar num local, rodeados de rochas e uma pequena correnteza próxima às primeiras casas da vila, local denominado pelos antigos moradores, como “Pedra da moça”. Ao realizar a pesca de “loca”, nome dado a forma de pescar colocando as mãos sobre as falhas das rochas, no intuito de capturar  peixes e crustáceos que ali habitava, um dos rapazes percebeu que seu colega estava demorando para retornar a superfície da água e ao mergulhar para saber o que estava acontecendo,  avistou o  companheiro afogando-se em pânico  com a mão presa na rocha. Desesperado para salvar seu amigo que estava quase morrendo afogado, começou a puxá-lo com toda a sua força, mas nada adiantava, foi aí que no desespero,  retirou uma faca da sacola que estava a beira do rio e decepou  a mão do companheiro no intuito de salvá-lo e  por muita sorte, conseguiu o que seria o impossível.  O amigo sobrevive a tal circunstância.
        Este fato teve uma enorme repercussão na época pelas redondezas, todos vinham vê de perto onde aconteceu a tal façanha e como conseqüência o local geograficamente foi ganhando referências, como: “o rio onde o rapaz cortou a mão”, “a vilazinha onde o moço cortou a mão”  “ a estrada por onde homem cortou a mão” e  assim por diante. Depois de algum tempo o Rio da vila passou a ser chamado de Rio Corta-Mão e posteriormente a vila passou a ser chamada de Corta-Mão.
        O crescimento da Vila surgiu  com a implantação da estrada de ferro e da construção da Estação ferroviária na atual Rua da Estação, o transporte ferroviário proporcionou um fluxo muito grande de pessoas e com o movimento a vila foi crescendo e surgindo novas ruas e posteriormente uma estrutura mais urbana, como: Igreja católica tendo como padroeiro o Senhor do Bonfim, delegacia, escolas, cartório de registros civil, armazéns de compras e vendas, carpintaria e mercearia.Logo se formou uma pracinha no centro como a instalação de pequenos comércios e o surgimentos de algumas ruas.  
        As pessoas viviam quase exclusivamente da agricultura, principalmente do cultivo de café, cana-de-açúcar, mandioca, fumo e produtos de subsistência. Tinha inclusive uma feira que acontecia aos domingos e nela eram vendidos diversos produtos como: farinha, rapadura, carnes de boi e porco, feijão, tecidos e outros. Os tropeiros da caatinga traziam couro, feijão e outros produtos para vender na feira e compravam a farinha e rapadura produzidas no Distrito. O meio de transporte utilizado pelas pessoas  era através da montaria de animais, a pé e o  trem de ferro.
         Segundo o Sr. Antonio Pires (18/12/09) “ a vila ia se desenvolvendo  de forma muito rápida   foi até chamada por muitos moradores na época  de “São Paulinho” fazendo uma referencia a cidade  de São Paulo que tinha o maior destaque no Brasil na época.” 
        A energia antes era através de lampião nos postes com óleo de baleia e posteriormente pelo meio de uma pequena usina construída na atual Rua do Riachão através de um gerador. O lazer dos moradores era as grandes festas, como: terno de Reis, carnaval, as rezas dos santos de devoção, festas de roda, samba de roda, as festas juninas com comidas típicas e as missas dominicais. Nas festas  tocava-se sanfona, pandeiro e instrumento de sopro, tinha inclusive um banda filarmônica que tocavam nas principais festas da comunidade.
        Segundo Firme de Jesus e Edite Moura (14/12/09) “Não havia postos de Saúde na época, muitas pessoas quando adoeciam,  recorriam aos remédios caseiros e homeopáticos das farmácias de Amargosa e São Miguel das Matas, como também, as benzedeiras, parteiras e até mesmo nos terreiros de candomblé.  As residências da maioria das pessoas que residiam nas proximidades da vila eram de palhas e taipa, não havendo nenhum saneamento básico. Algumas pessoas eram voluntárias para aplicar injeções, engessar braços e pernas fraturadas e realizar procedimentos de saúde de forma clandestina.” Vale ressaltar que uma destas pessoas voluntárias era o Senhor José da Rocha Barbosa, cujo nome foi homenageado na nossa Unidade de saúde da Família.
        Certo tempo alguns moradores tentaram mudar o nome do Distrito de Corta-Mão para Olinda do Bonfim, porém não conseguiram, pois o nome Corta-Mão já estava impregnado na cultura e no coração da maioria.  
        No entanto, a vila foi perdendo o acelerado desenvolvimento com a decadência do transporte ferroviário, com o fim dos trens de ferro a sede da vila praticamente estagnou-se e entrou numa inércia espacial.
          Este problema se configurou de fato com as enchentes acontecidas nos anos de 1914 e 1960 onde praticamente destruiu toda a sede da vila, A mesma foi reconstruída, mas não conseguiu retomar o crescimento, pois muitos moradores foram embora após ter perdido tudo e com o fim da estrada de ferro a Vila só conseguiu ser sede do Distrito do município de Amargosa.
        Atualmente, entre os três Distritos do município de Amargosa, Corta-Mão se destaca como o maior em extensão territorial, como também, economicamente. Localizado totalmente na zona da mata a  uma distancia de 18KM da sede de amargosa rodeado de rios como: o Corta-Mão, Ribeirão e Capivara e seus afluentes. Possui terras produtivas que produz a maioria dos alimentos que abastece a feira de amargosa. Limita-se com o município de são Miguel das Matas, Laje e Elísio Medrado.
         O Distrito é composto por várias localidades circunvizinhas  que se desloca até a  sede  Corta-Mão para  utilizar os serviços disponíveis, como: Comércio, USF, Escolas, Cartório, Igrejas e profissionais autônomos. A sede do distrito tem aproximadamente mais de oitocentos habitantes e de forma geral mais de quatro mil.
        Por fim, Corta-Mão está repleto de potencialidades para um maior crescimento e desenvolvimento sustentável, porém existe muito a fazer por parte do poder público como também dos próprios moradores. Talvez quando todos perceberem de fato estas potencialidades que a sede oferece possa haver uma melhoria na qualidade de vida da população local e quem sabe o Distrito volte a ser o destaque da região como foi no inicio de sua formação.
                                                                                                                          Ivanildo Silva de Jesus


Referência
JESUS, Ivanildo silva de. Agente Comunitário de Saúde e Professor de História e Geografia, Corta-Mão -  Amargosa 2009.
Moradores entrevistados  da comunidade
Antonio Pires de Melo
Edite Aquina Moura Melo
Firme de Jesus

6 comentários:

  1. Minha família materna descende desse distrito. A mãe da minha bisavó era índia kiriri. A família era Araújo. Sabem de alguma coisa relativa a isso?

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  2. @demarusia, boa tarde!
    Minha família por parte de pai é de lá e também tem por sobre nome Araújo

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    1. Seus pais ainda tem contato com algum familiar que ainda mora lá no distrito ?

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  3. Infelizmente os políticos não ver corta mão como deveria ver. Corta mão precisa de um político que olhe mais por corta mão que vá a luta buscar recursos trabalho etc pra o município

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  4. Infelizmente os políticos não ver corta mão como deveria ver. Corta mão precisa de um político que olhe mais por corta mão que vá a luta buscar recursos trabalho etc pra o município

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  5. Que legal tenho parentes que mora nessa região e no Ribeirão do cupido
    História muito interessante. ❤🍥❤

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